Estava
assistindo ao jornal quando essa matéria me chamou a atenção
“O chumbinho é um produto ilegal e perigoso para a saúde da população, sendo o uso e comércio deste agrotóxico como raticida doméstico enquadrado como uma atividade ilícita e criminosa”, explica o diretor de Controle e Monitoramento Sanitário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agenor Álvares.
O Aldicarbe (C H N O S) é um inseticida, acaricida e nematicida do grupo químico metilcarbamato de oxima, substância extremamente tóxica do ponto de vista agudo. Com uma DL 50 oral de cerca de 0,9 mg/kg em ratos e 0,4 mg/kg em camundongos, é um dos agrotóxico mais tóxicos já registrado no país. Agente anticolinesterásicos, tem sua ação pela inibição da enzima acetilcolinesterase (AChE), responsável pela degradação da acetilcolina (neurotransmissor), que com seu acúmulo na fenda sináptica ocasiona severa estimulação colinérgica, promovendo o estímulo excessivo dos receptores nicotínicos e muscarínicos. As principais manifestações clínicas resultantes da intoxicação por Aldicarbe afetam os mais variados órgãos ocasionando miose, náuseas, vômito, dor abdominal, diarreia, dispneia, depressão respiratória, taquicardia, tremores, ou seja, depressão gradual até a morte. Podemos classificar em três etapas:
- 1ª etapa – muscarínica: aumento das secreções e contrações da musculatura lisa;
- 2ª etapa – nicotínica: tremores musculares seguidos de convulsões;
- 3ª etapa– sistema nervoso central: depressão e convulsões.
*lacrimejamento abundante,
pálpebras mantem-se fechadas, salivação profusa, ruídos respiratórios são
facilmente audíveis.
A
morte resulta das alterações respiratórias e da bradicardia.

(Foto: Esquerda superior: Cérebro
canino apresentando congestão de meninges; E. Inferior: Edema pulmonar; Direita
superior: presença de esferas negras característica de aldicarb “chumbinho” em
conteúdo estomacal; D. inferior congestão pulmonar)
Muitas
vezes a principal evidência está nos achados químicos e toxicológicos. A abordagem
da intoxicação se baseia na varredura da cena do crime, atentando aos achados
clínicos e forenses sendo a primeira fonte de informação sobre a causa morte do
animal. (posicionamento do cadáver, lugar onde se encontra, as modificações e
características do ambiente; Presença de iscas, recipientes de praguicidas, moscas mortas ao redor do
cadáver, ervas secas; tipo de isca)
Na
União Européia é proibido o uso de qualquer substância de destruição massiva e
desde 1989 é proibido o uso de agentes tóxicos para a caça. Em 1998 o Tribunal Superior de Justiça de
Murcia decretou a primeira sentença por crime de intoxicação de uma águia
perdigueira com aldicarbe. Não muitas sentenças foram ditadas devido à falta de
informações
É de
grande importância o preparo na coleta de informações periciais reduzindo a perda de informações sobre os
crimes e obtendo-se assim documentos legítimos para o cumprimento da lei.
Existem
diferentes testes para qualificação e quantificação do agente causador de
intoxicação, tais como: Colorimetria, Espectrofotometria, Espectrometria de
massa, Imunoensaio, Cromatografia(delgada/gasosa). Vale pesquisar quais testes
estão disponíveis em sua localidade.
As
amostras coletadas podem ser convencionais como sangue, urina, conteúdo gástrico, fígado ou ainda alternativas com bile, humor vítreo, cabelo/pelos, dente, unha e osso. Ainda existe a Entomotoxicologia que
realiza as análises de drogas na fauna cadavérica.
Com
esses cuidados é possível produzir provas consistentes a respeito da causa
mortis do animal em questão e os laudos Médico Veterinário úteis para fomentar
a investigação na procura de um culpado.
Infelizmente
mesmo com a proibição do comércio e utilização de produtos a base de Aldicarb é
possível compra-lo em muitos dos estabelecimentos agropecuários. Hoje, visto
sua ineficiência como raticida, a aquisição é vista como mal intencionada. Casos
como esse da matéria que despertou a vontade de explanar a respeito são comuns, por sorte não teve um desfecho trágico. Em contra partida, a intoxicação de animais ainda é vista como fato pouco relevante e são raras as
vezes que as autoridades são notificadas. É importante o preparo dos
profissionais e também da população para que não se negligencie as ocasiões onde
esse crime acontece produzindo provas para se buscar a justiça. Ainda, com uma maior fiscalização, que pode ser feita pela
população, o produto pode deixar de circular no nosso país. Denuncie para a
Vigilância Sanitária de sua cidade e lembre-se compra e venda de Aldicarb É
CRIME.
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